| 
                     
                                        CONCURSO PARA  PROFESSOR TITULAR 
                  02-07-2005 
                     
                     
                    Esperei  mais de dez anos pelo concurso para Professor Titular. 
                      O processo exigia a apresentação de uma vasta documentação para comprovar a  produção científica, as atividades acadêmicas e profissionais, tudo em 5  cópias! Levei dias revirando arquivos e gavetas, horas e horas tirando  fotocópias e montando quase trinta pastas, além do esforço intelectual para  redigir um Memorial. Mais de um mês de trabalho, além do investimento no  material de papelaria. 
                      A banca examinadora foi composta com cinco membros, um da Universidade de  Brasília — a Dra. Suzana Muller, e quatro   de outras universidades (do Paraná, de São Paulo, de Minas Gerais e da  Bahia.) Levaram quase três dias inteiros para revisar e avaliar a papelada dos  dois candidatos. O segundo candidato foi o meu amigo Emir José Suaiden, atual  diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia- IBICT.  
                      Por sorteio, fui o primeiro a fazer a apresentação oral das ideias que  atestavam as minhas pesquisas e estudos mais recentes. Versão aberta ao  público. Preparei uma palestra que durou 55 minutos, seguida de aproximadamente  duas horas de arguição. 
   
                      Os membros da banca confessaram a dificuldade para escolher um entre os dois  candidatos com currículos tão alentados, com trajetórias profissionais tão  “brilhantes”, conforme declararam. 
                      Saí vencedor, com 9,9 pontos e o meu concorrente com 9,7, uma diferença  insignificante. A ata da Comissão declarou, por unanimidade, a excelência dos  vencedores e o Colegiado do CID/UNB aprovou moção à Reitoria no sentido de  contratação dos dois aprovados. 
                      Fiquei constrangido com a vitória e perplexo com as perspectivas. Correu logo a  notícia que estragou a minha festa: a notícia que eu ganhei, mas que não ia  levar... Segundo os informantes, para ser contratado como professor titular eu  deverei renunciar ao contrato anterior e assinar um novo. Pela legislação em  vigor, eu deixaria de ser estatutário, para tornar-me celetista, com prejuízos  futuros na hora da aposentadoria!  
                  [ Em  português do Brasil, "celetistas e estatutários" referem-se a dois  regimes de trabalho distintos no Brasil: o regime celetista, regido pela  Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e o regime estatutário, aplicável a  servidores públicos. O primeiro, celetista, é mais comum no setor privado,  mas também pode ocorrer em empresas públicas, enquanto o segundo, estatutário,  é exclusivo do serviço público, com contratos baseados em estatutos específicos  de cada esfera.] 
                     
                    Resultado: acabei sendo contratado como Professor Titular sem mudar a minha  situação anterior... 
                
  |